O mês de agosto chegou e trouxe consigo uma campanha muito importante para a saúde dos nossos pets: o Agosto Verde Claro. Essa iniciativa tem como objetivo conscientizar tutores e amantes dos animais sobre doenças graves que atingem cães e gatos, como a Leishmaniose, a PIF (Peritonite Infecciosa Felina), a FIV (Imunodeficiência Felina) e a FeLV (Leucemia Felina).
Essas enfermidades, infelizmente, ainda são pouco conhecidas por grande parte da população. E o pior: por falta de informação, muitos animais acabam sendo abandonados ou sofrendo preconceito após o diagnóstico.
Ao longo deste artigo, você vai entender melhor como essas doenças afetam os pets, as formas de contágio, os cuidados necessários e, o mais importante: como prevenir e garantir mais qualidade de vida para cães e gatos.
Conteúdo
O Que é o Agosto Verde Claro Pet?
A campanha nasceu com o propósito de chamar atenção para doenças graves e silenciosas que afetam a saúde dos animais de estimação. Inicialmente, o agosto verde claro foi criado para alertar sobre a Leishmaniose, principalmente por ser uma zoonose que pode afetar também os humanos.
Contudo, ao longo do tempo, profissionais de saúde animal, ONGs e tutores engajados começaram a adicionar à campanha outras doenças graves, principalmente as que afetam os gatos, como PIF, FIV e FeLV.
Essa ampliação veio da necessidade de conscientizar a população sobre doenças virais felinas que ainda geram muito preconceito, abandono e desinformação. Por isso, essa mudança é um passo essencial para garantir mais empatia, diagnóstico precoce e qualidade de vida para esses animais.
Leishmaniose: Perigosa e Invisível

Como é Transmitida
A leishmaniose é uma doença grave provocada por um protozoário e transmitida pela picada do mosquito-palha. Portanto, ela não é contagiosa diretamente entre animais ou humanos, sendo necessária a presença do mosquito para ocorrer a transmissão.
A doença afeta tanto cães quanto gatos, embora seja mais comum e mais grave em cães.
Sintomas
Os sintomas variam bastante e, em muitos casos, a doença é silenciosa (assintomática) por longos períodos, o que dificulta o diagnóstico precoce.
Ela pode se manifestar de duas formas principais:
- Leishmaniose Visceral (Calazar): afeta órgãos internos como fígado, baço e medula óssea. É a forma mais grave da doença.
- Leishmaniose Tegumentar (ou cutânea): provoca danos na pele e nas mucosas.
Conheça os sintomas mais comuns da leishmaniose em cada espécie:
1. Sinais em Cães
Nos cães, os sintomas costumam evoluir lentamente e podem levar meses (ou até anos) para aparecer após a infecção. Os sinais mais comuns incluem:
- Problemas de pele: queda de pelos (principalmente ao redor dos olhos, orelhas e focinho), pele ressecada com descamação (tipo caspa), feridas que não cicatrizam e crescimento exagerado das unhas.
- Emagrecimento progressivo, mesmo com apetite normal.
- Apatia: falta de energia, cansaço e desânimo.
- Aumento de órgãos: inchaço dos gânglios linfáticos, além de aumento do fígado e do baço.
- Problemas oculares: conjuntivite, irritações nas pálpebras e distúrbios na visão.
- Outros sintomas: febre, sangramento nasal, aumento do volume de urina e de sede, e atrofia muscular. Nos casos mais avançados, pode haver falência renal ou hepática, com risco de morte.
2. Sinais em Gatos
Nos felinos, a leishmaniose é menos frequente, mas pode acontecer. Muitos gatos infectados não desenvolvem sintomas, ou apresentam quadros leves. No entanto, quando aparecem, os sinais são:
- Problemas de pele: lesões na pele, principalmente na cabeça, focinho e patas. Pode haver crostas, nódulos e úlceras.
- Problemas oculares: inflamações nos olhos e pálpebras.
- Sintomas sistêmicos: perda de peso, falta de apetite, gengivite, estomatite, depressão e falta de energia.
A leishmaniose em gatos pode estar associada a outras doenças que comprometem o sistema imunológico, como a Leucemia Felina (FeLV) e a Imunodeficiência Felina (FIV), o que aumenta a gravidade dos sintomas.
Como Prevenir
- Use coleiras repelentes ou produtos tópicos (pipetas ou sprays repelentes contra o mosquito-palha).
- Cuide do ambiente: mantenha o quintal limpo, sem matéria orgânica, folhas ou restos acumulados.
- Vacine seu pet contra a leishmaniose (vacina disponível para cães).
- Evite passeios ao entardecer e à noite, quando o mosquito é mais ativo.
Tratamento
O tratamento da leishmaniose é viável e está sob a regulamentação do Ministério da Saúde. Embora seja uma doença crônica, com o acompanhamento veterinário adequado, o pet pode ter qualidade de vida. O tratamento envolve medicamentos, controle dos sintomas e cuidados contínuos com a saúde geral do animal.
[Veja também: Zoonoses: Cuidar do Pet é Cuidar-se]
PIF: Peritonite Infecciosa Felina

A PIF (Peritonite Infecciosa Felina) é uma doença causada por uma mutação do coronavírus felino (FcoV), diferente do coronavírus que afeta humanos.
Essa mutação pode ocorrer dentro do organismo do próprio gato, principalmente em ambientes com alta densidade populacional e higiene precária.
A doença afeta com mais frequência filhotes e gatos jovens, mas pode acometer animais de qualquer idade.
Como é Transmitida
A transmissão acontece principalmente pelo contato com fezes contaminadas, por meio da caixa de areia, lambedura de superfícies ou até mesmo no compartilhamento de objetos. A maioria dos gatos infectados não desenvolve a PIF, mas a mutação do vírus pode ocorrer em alguns indivíduos, especialmente os com o sistema imunológico fragilizado.
Sintomas
A PIF pode se apresentar de duas maneiras:
- Forma úmida (efusiva): acúmulo de líquido na cavidade abdominal ou torácica, barriga inchada e dificuldade para respirar.
- Forma seca (não efusiva): febre persistente que não responde a antibióticos, falta de apetite, perda de peso, letargia, fraqueza e alterações neurológicas ou oculares (em alguns casos).
Muitos gatos apresentam sintomas inespecíficos no início, o que torna o diagnóstico desafiador.
Como Prevenir
- Higienização frequente da caixa de areia e ambientes compartilhados.
- Evitar aglomeração de muitos gatos, especialmente em abrigos ou lares temporários.
- Realizar exames regulares para detectar e monitorar a presença do coronavírus felino (FcoV).
- Fortalecer o sistema imunológico com alimentação adequada, controle de estresse e visitas regulares ao veterinário.
Tratamento
Até pouco tempo, a PIF era considerada sem tratamento. No entanto, medicamentos antivirais específicos têm mostrado resultados positivos em países como os EUA. No Brasil, ainda não há regulamentação oficial, mas o uso emergencial desses antivirais já é adotado sob acompanhamento veterinário especializado.
FIV: O “HIV dos Gatos”

A FIV (Vírus da Imunodeficiência Felina) é frequentemente comparada ao HIV humano por também comprometer o sistema imunológico dos gatos, tornando-os mais suscetíveis a infecções.
Como é Transmitida
A transmissão da FIV ocorre principalmente por:
- Mordidas profundas, comuns em brigas entre gatos, especialmente machos não castrados e que vivem soltos.
- Gatas grávidas podem transmitir para os filhotes, embora seja mais raro.
Sintomas
Muitos gatos com FIV vivem anos sem apresentar sintomas. Porém, quando a imunidade começa a cair, podem surgir: infecções recorrentes (respiratórias, de pele, urinárias), gengivite, estomatite, perda de peso progressiva, febre constante e diarreia persistente.
Como Prevenir
- Castração: reduz brigas e, consequentemente, o risco de mordidas.
- Ambiente seguro: evite que o gato tenha contato com animais desconhecidos.
- Testagem: importante antes de introduzir um novo gato em casa.
Tratamento
A FIV não tem cura, mas com acompanhamento veterinário, boa alimentação, controle do estresse e muito carinho, o gato pode ter uma vida longa e com qualidade. Antibióticos e tratamentos de suporte ajudam a combater infecções secundárias.
FeLV: A Leucemia Viral Felina

A FeLV (Vírus da Leucemia Felina) é uma doença viral que afeta o sistema imunológico e pode causar câncer, anemia e infecções graves. É mais comum em gatos jovens e que vivem em colônias ou têm acesso à rua.
Como é Transmitida
A transmissão da FeLV ocorre por:
- Saliva: através de lambedura e compartilhamento de potes de comida e água.
- Contato prolongado entre gatos.
- Durante a gestação ou amamentação.
Sintomas
Os sintomas da FeLV variam bastante e podem demorar a aparecer: infecções frequentes, anemia, perda de peso, febre persistente, gengivite, lesões orais e em casos mais graves, pode evoluir para linfoma (um tipo de câncer).
Como Prevenir
- Vacinação específica para FeLV (fundamental em ambientes com mais de um gato).
- Testes de triagem antes de adotar ou introduzir um novo gato em casa.
- Evitar o contato com gatos desconhecidos ou que vivem na rua.
Tratamento
Assim como a FIV, a FeLV não tem cura, mas o tratamento de suporte pode aumentar a expectativa e qualidade de vida do gato. Isso inclui:
- Monitoramento veterinário constante.
- Controle de infecções secundárias.
- Suporte nutricional.
- Um ambiente seguro, limpo e livre de estresse.
Importante: Gatos com FIV ou FeLV podem viver bem por muitos anos quando recebem os cuidados adequados. O diagnóstico não é uma sentença de morte, e sim um chamado para oferecer atenção redobrada, carinho e acompanhamento profissional.
(Fontes: Ministério da Saúde – Brasil, Cornell University College of Veterinary Medicine)
Cuidados Preventivos e Diagnóstico Precoce

A prevenção é o primeiro passo para assegurar uma vida longa e saudável para o seu pet. Incorporar cuidados simples à rotina diária pode fazer uma grande diferença na prevenção de doenças graves e silenciosas.
Cuidados preventivos essenciais:
- Leve seu pet ao veterinário regularmente.
- Realize exames de rotina.
- Mantenha a vacinação sempre em dia.
- Cuide da higiene dos ambientes e objetos.
- Use produtos contra pulgas, carrapatos e vermes.
Esses hábitos ajudam a fortalecer a imunidade, evitar infecções e detectar alterações no organismo antes que evoluam para quadros mais sérios.
[Confira também: Importância da Vacinação: Pets Protegidos, Tutores Tranquilos]
Por Que o Diagnóstico Precoce é Tão Importante?
Detectar uma doença logo no início pode mudar completamente o destino do seu pet. Quanto antes o problema é identificado, maiores são as chances de controle, tratamento eficaz e qualidade de vida.
Por isso, não espere os sinais se agravarem. Notou algo diferente no comportamento ou na aparência do seu animal? Procure um veterinário de confiança o quanto antes.
Combater o Preconceito é um Ato de Amor

Infelizmente, ainda é comum que animais diagnosticados com doenças graves como leishmaniose, PIF, FIV ou FeLV sejam vítimas de abandono, medo ou maus-tratos. Na maioria das vezes, isso ocorre devido à falta de informação.
Mas é importante lembrar: estar doente não torna um animal menos digno de cuidado, afeto ou respeito. Nenhum pet merece ser abandonado devido a um diagnóstico.
Com orientação veterinária, carinho e responsabilidade, é totalmente possível garantir qualidade de vida a esses animais, e muitos deles vivem por muitos anos ao lado de quem escolhe amar sem preconceitos.
O mês de agosto vai muito além de um período de alerta sobre doenças, é também um momento para reforçar a conscientização e o compromisso com a vida dos animais. Não se trata de temer essas doenças graves, mas sim de aprender a preveni-las, reconhecê-las a tempo e agir com responsabilidade.
Afinal, cuidar da saúde dos pets é também cuidar da saúde das pessoas e da comunidade como um todo. Quando informamos, acolhemos e protegemos, transformamos o medo em amor e o preconceito em cuidado.