Desde os primórdios da humanidade, os cachorros sempre foram muito mais do que simples companheiros. Na verdade, as raças antigas de cães desempenharam papéis variados, como guardiões, caçadores, símbolos sagrados e até presentes reais. Entre as inúmeras raças existentes, algumas carregam consigo séculos, e até milênios, de histórias, mitos e tradições.
Essas raças sobreviveram ao tempo e às mudanças humanas, preservando características físicas e comportamentais herdadas de seus ancestrais. Compreender essas linhagens é como fazer uma viagem no tempo e perceber como os cães contribuíram para a formação da nossa própria história.
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Raça Mais Antiga do Mundo: 7.000 anos
Saluki

Considerada a raça mais antiga do mundo, o Saluki já corria pelas areias douradas do Egito há mais de 7.000 anos. De fato, pinturas em tumbas faraônicas o retratam sempre próximo à realeza, evidenciando seu prestígio.
Com corpo esguio, postura elegante e olhar atento, usavam-no tanto na caça veloz quanto como presente real, símbolo de status e poder para quem o possuísse.
Além disso, sua resistência e agilidade o tornavam ideal para longas caçadas no deserto, um verdadeiro atleta canino da antiguidade.
Raças com Mais de 4.000 anos
Basenji

Originário da África Central, o Basenji chama atenção por uma característica única: ele não late. Em vez disso, emite um som curioso, conhecido como barroo, resultado de uma estrutura vocal diferente da maioria dos cães.
Vivia lado a lado com tribos caçadoras, ajudando nas expedições por densas florestas. As comunidades valorizavam sua agilidade, silêncio e fidelidade, reconhecendo sua habilidade de caçar sem espantar a presa, o que tornando-o indispensável para sua sobrevivência.
Galgo (Greyhound)

As primeiras representações do Galgo aparecem em pinturas e esculturas do Egito Antigo, onde as pessoas o reverenciavam por sua velocidade e elegância.
Usado para caçar lebres e animais rápidos, esse cão de pernas longas e corpo esguio simbolizava prestígio entre nobres e reis. Assim, seu refinamento e eficiência na caça o tornaram uma das raças mais admiradas da antiguidade.
Cão da Groenlândia

Um dos cães mais antigos adaptados ao frio extremo, o Cão da Groenlândia foi essencial para povos inuítes, pois puxava trenós e auxiliava na caça em condições adversas.
Além disso, forte, resistente e leal, ele era vital para a sobrevivência nas regiões geladas, transportando cargas pesadas e garantindo o abastecimento de comida durante o inverno rigoroso.
Malamute do Alasca

Os inuítes Mahlemut, do Alasca, criaram o Malamute do Alasca para transporte e trabalho pesado no Ártico. Sua força e resistência o tornaram um aliado indispensável na locomoção de pessoas e cargas em longas distâncias, mesmo sob temperaturas extremas.
Além de trabalhador incansável, era um cão protetor das aldeias e caçador habilidoso, ajudando a espantar predadores e a garantir alimento. Com sua pelagem espessa, corpo robusto e instinto de equipe, ele continua, até hoje, a ser um dos cães mais respeitados para trabalhos de tração.
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Raças com Mais de 3.000 anos
Mastim Tibetano

Originário das montanhas do Tibete, o Mastim Tibetano tem pelo menos 3.000 anos de história. Conhecido por seu porte imponente, pelagem densa e expressão atenta, ele era guardião de mosteiros e rebanhos, protegendo contra predadores como leopardos e lobos.
Considerado símbolo de força e proteção espiritual, também era associado a boa sorte e respeito. Sua presença imponente intimidava intrusos, enquanto sua lealdade conquistava monges e pastores.
Samoieda

Com origem na Sibéria, o Samoieda serviu aos povos nômades Samoyed por mais de 3.000 anos. Ele puxava trenós, pastoreava renas e protegia acampamentos, sendo essencial para a sobrevivência no clima gelado.
Sua pelagem branca e espessa o protegia do frio extremo, e seu famoso “sorriso” — uma expressão natural que impede a formação de gelo ao redor da boca — era um detalhe funcional e encantador.
Além disso, amigável e companheiro, o Samoieda também dormia junto aos donos para aquecê-los durante as noites gélidas.
Raças com Mais de 2.000 anos
Shar-Pei

Com suas rugas características e a língua de tom azulado, o Shar-Pei é uma raça originária da China. No passado, atuava como cão de guarda e também em combates, sendo que suas rugas desempenhavam um papel importante ao protegê-lo de mordidas.
Ao longo do tempo, essa aparência única conquistou o mundo e, atualmente, o Shar-Pei é conhecido por seu temperamento tranquilo e sua lealdade aos donos, muito diferente do guerreiro de antigamente.
Chow Chow

Também originário da China, o Chow Chow é conhecido por sua língua azul-preta única e aparência que lembra um ursinho de pelúcia. Antigamente, os imperadores chineses o utilizavam tanto para caça quanto para guarda.
Apesar da aparência fofa, ele tem um temperamento reservado e protetor, mostrando, assim, que beleza e força podem andar lado a lado desde tempos muito antigos.
Husky Siberiano

Nativo da Sibéria, o Husky Siberiano foi criado pelo povo Chukchi para puxar trenós em longas distâncias sob frio intenso. Ágil, veloz e resistente, assim. ele permitia que os povos viajassem rapidamente entre aldeias e transportassem suprimentos vitais.
Com olhos expressivos e pelagem espessa, o Husky desempenhava com dedicação o papel de trabalhador incansável e também de membro afetuoso da família. Sua energia e instinto de equipe permanecem até hoje.
Pequinês

Criado para ser um companheiro da família imperial chinesa, o Pequinês é símbolo de nobreza e requinte.
Pequeno, de pelagem abundante e olhar altivo, acreditava-se que trazia boa sorte e afastava espíritos malignos. Assim, tão valioso que, durante séculos, apenas membros da corte podiam possuir um exemplar.
Ademais, entre as curiosidades mais marcantes está o fato de que, nas dinastias antigas, alguns eram carregados dentro das amplas mangas das vestes tradicionais da nobreza, tanto como demonstração de status quanto para mantê-los sempre próximos como amuletos de proteção.
Spitz Finlandês

Nativo da Finlândia, o Spitz Finlandês foi criado para caçar pequenas presas como aves e esquilos, utilizando sua voz aguda para avisar os caçadores.
Ágil, alerta e com pelagem dourada que o camufla na floresta, assim, era indispensável para a subsistência de famílias em regiões frias e rurais.
Além disso, ser um caçador habilidoso, com sua natureza leal e sociável fazia dele um companheiro para toda a comunidade.
Raças “Recentes” Entre as Milenares: Mais de 1.000 anos
Lhasa Apso

Originário do Tibete, o Lhasa Apso foi criado para proteger templos e palácios. Pequeno, mas destemido, era um verdadeiro guardião espiritual.
Sua pelagem longa e sedosa o protegia do frio, enquanto sua audição aguçada alertava contra visitantes indesejados.
Akita Inu

Nobre e imponente, o Akita Inu é uma raça japonesa. Criado inicialmente para a caça de grandes animais, como ursos, ele ganhou destaque no Japão feudal como símbolo de coragem, lealdade e proteção.
Era altamente valorizado pelos samurais e presenteado como um talismã de boa sorte e prosperidade. Até hoje, sua linhagem é preservada com orgulho nacional, representando não apenas um cão, mas um pedaço vivo da cultura japonesa.
Shih-Tzu

Os chineses criaram o Shih-Tzu, cujo nome significa “cão leão”, especialmente para a realeza. Pequeno, elegante e afetuoso, o cão simbolizava sorte e proteção, sendo muito venerado.
Além disso, sua presença constante nos palácios imperiais mostra o valor que essa raça tinha como parte da cultura e do cotidiano real.
Observação: existem divergências quanto ao período de origem de algumas raças, já que algumas fontes apresentam informações variadas. Reunimos aqui as primeiras aparições das raças conforme indicam a maioria das referências consultadas.
(Fontes: Federação Cinológica Internacional, American Kennel Club, The Kennel Club, Confederação Brasileira de Cinofilia)
O Que Torna as Raças Antigas Tão Especiais?
As raças antigas de cães têm algo que vai além da aparência: elas são testemunhas vivas da história. Cada uma carrega marcas culturais e funções que desempenharam em diferentes civilizações.
Muitas ainda preservam comportamentos herdados, como instintos de caça, guarda e até hábitos silenciosos. Além disso, a forma como se adaptaram ao convívio humano nos mostra valores como resiliência. E, sobretudo, são exemplos de como o vínculo entre humanos e cães ultrapassa eras.
Mesmo hoje, as raças antigas de cães encantam entusiastas e especialistas. E claro, conquistam quem busca um companheiro com alma histórica.