Cães Detectam Doenças pelo Olfato?

Os cães são conhecidos por seu faro excepcional e amplamente utilizados na busca por drogas, explosivos e pessoas desaparecidas. Mas você sabia que eles também conseguem detectar doenças em humanos? Diversos estudos científicos já comprovaram essa incrível habilidade, e pesquisadores continuam descobrindo novas aplicações para esses ‘médicos de quatro patas’. Neste artigo, vamos entender como os cães detectam doenças pelo olfato e como estão sendo treinados para ajudar na medicina.

O Incrível Faro dos Cães

O olfato dos cães é sua principal ferramenta de percepção do mundo. Enquanto os humanos possuem cerca de 5 milhões de receptores olfativos, os cães chegam a ter 300 milhões. Além disso, a parte do cérebro responsável pelo processamento dos cheiros é 40 vezes maior nos cães do que nos humanos.

Essa capacidade permite que eles identifiquem odores em concentrações mínimas, chegando a detectar uma única partícula em trilhões. Isso significa que um cão pode perceber mudanças químicas no organismo humano muito antes que qualquer exame laboratorial tradicional consiga detectar, segundo estudos científicos comprovados.

Quais Doenças os Cães Conseguem Farejar?

1. Câncer

Estudos mostraram que os cães podem detectar diferentes tipos de câncer, como pulmão, mama, próstata e ovário. Em uma pesquisa publicada pelo National Center for Biotechnology Information (NCBI), cães foram treinados para cheirar amostras de urina e suor de pacientes com câncer e apresentaram uma taxa de acerto superior a 90%. A explicação para isso é que células cancerígenas liberam compostos orgânicos voláteis que alteram o odor natural do corpo, assim, os cães conseguem identificar essas substâncias com extrema precisão.

2. Diabetes

Cães treinados podem identificar quedas bruscas de açúcar no sangue, um problema comum em pessoas com diabetes. Eles detectam mudanças químicas na respiração e no suor e alertam seus tutores antes que uma crise de hipoglicemia ocorra. Isso pode ser vital para evitar desmaios e complicações mais graves.

3. Doença de Parkinson

A doença de Parkinson é difícil de diagnosticar precocemente, mas estudos indicam que cães conseguem farejá-la anos antes dos primeiros sintomas surgirem. Isso acontece porque mudanças químicas na pele dos pacientes alteram seu odor corporal. Um estudo publicado na revista Scientific Reports demonstrou que cães treinados conseguiram detectar a doença com alta precisão.

4. COVID-19

Durante a pandemia, pesquisadores treinaram cães para detectar COVID-19 em amostras de saliva e suor. Estudos indicaram que os cães poderiam identificar a infecção com uma taxa de precisão superior a 90%, muitas vezes antes mesmo de os sintomas aparecerem, segundo pesquisas da NCBI. A rapidez e a eficiência dos cães farejadores permitiram seu uso em aeroportos, hospitais e eventos públicos para ajudar no controle da pandemia.

5. Infecções e outras doenças

Além das doenças já mencionadas, cães também foram capazes de identificar:

  • Tuberculose – Detectando odores específicos liberados por bactérias nos pulmões.
  • Malária – Identificando odores emitidos por parasitas na corrente sanguínea.
  • Epilepsia – Alertando sobre crises antes que aconteçam, ao identificar mudanças químicas no corpo do paciente.

Como os Cães são Treinados para Farejar Doenças?

O treinamento dos cães farejadores de doenças segue um processo semelhante ao dos cães de detecção de drogas e explosivos. Os treinadores ensinam os cães a associar odores específicos a uma recompensa, como petiscos ou brinquedos.

Fases do treinamento:

  1. Exposição ao odor: o cão é apresentado a amostras contendo compostos liberados por determinada doença.
  2. Reforço positivo: sempre que identifica corretamente o cheiro, ele recebe uma recompensa.
  3. Generalização: o cão aprende a identificar o cheiro em diferentes ambientes e condições.
  4. Teste e validação: antes de serem utilizados, os cães passam por testes rigorosos para garantir que conseguem identificar os odores com precisão.

Pesquisadores do NCBI destacam que cães podem aprender a identificar doenças com uma precisão surpreendente, tornando-se aliados valiosos para diagnósticos rápidos e não invasivos. Além disso, eles podem ser treinados em poucas semanas e manter a habilidade por anos.

Quais Raças Têm Maior Habilidade para Farejar Doenças?

Embora algumas raças possuam uma predisposição maior para farejar doenças, é possível treinar qualquer cão com um olfato funcional para essa finalidade. No entanto, cães de focinho curto (braquicefálicos), como os Bulldogs e Pugs, podem ter mais dificuldade devido a limitações respiratórias.

Fatores como personalidade, motivação e capacidade de concentração também influenciam no sucesso do treinamento. Raças de trabalho e caça geralmente se destacam, pois possuem um instinto natural para seguir cheiros.

Ao considerar um cão para detecção de doenças, o mais importante é avaliar seu nível de interesse por odores e sua disposição para aprender. Cães de qualquer raça (incluindo vira-latas) podem se tornar farejadores eficazes se forem treinados corretamente.

Os cães com melhor desempenho na detecção de doenças geralmente possuem um olfato extremamente apurado e alta inteligência. As raças mais utilizadas para essa função incluem:

1. Labrador Retriever

Os Labradores são conhecidos por seu olfato altamente desenvolvido e por serem extremamente treináveis. Sua personalidade amigável e disposição para trabalhar os tornam ideais para o papel de cães farejadores na medicina.

2. Pastor Alemão

Tradicionalmente usados na polícia e no exército, os Pastores Alemães também são excelentes farejadores de doenças. Sua inteligência, lealdade e facilidade de aprendizado fazem deles uma das raças mais eficientes para essa função.

3. Beagle

Os Beagles possuem um olfato excepcional e são frequentemente usados para detectar drogas e contrabando em aeroportos. Por isso, sua habilidade para distinguir odores torna essa raça altamente eficaz na detecção de câncer e outras doenças.

4. Cocker Spaniel

Os Cocker Spaniels têm um faro aguçado e uma natureza dócil, tornando-os ideais para detecção de doenças, especialmente em ambientes médicos. Estudos já demonstraram que eles podem identificar câncer e outras condições com alta precisão.

5. Basset Hound

Essa raça tem um dos melhores faros do mundo, pois sua estrutura corporal, com nariz próximo ao chão, ajuda a captar cheiros com mais eficiência, tornando-os candidatos promissores para o farejamento de doenças.

6. Border Collie

Além de serem considerados os cães mais inteligentes do mundo, os Border Collies aprendem comandos rapidamente e têm um excelente faro, sendo utilizados em algumas pesquisas de detecção de doenças.

7. Springer Spaniel Inglês

Assim como os Cocker Spaniels, os Springer Spaniels trabalham na detecção graças à sua inteligência e olfato poderoso. Eles já participaram de estudos para farejar COVID-19 e câncer.

O Futuro dos Cães na Medicina

A ciência continua explorando novas formas de utilizar os cães farejadores para melhorar o diagnóstico e o tratamento de doenças. Algumas possibilidades incluem:

  • Uso em hospitais e clínicas: para triagem de doenças como câncer e infecções.
  • Treinamento de mais cães de alerta médico: para auxiliar pessoas com condições como epilepsia e diabetes.
  • Desenvolvimento de sensores inspirados no faro canino: criando dispositivos médicos mais sensíveis.

Embora os cães apresentem uma precisão impressionante na detecção de doenças, eles ainda não substituem exames laboratoriais. Em vez disso, servem como uma ferramenta complementar que pode agilizar o diagnóstico precoce. A ciência ainda tem muito a aprender com esses incríveis animais, mas uma coisa é certa: os cães não são apenas nossos melhores amigos, mas também grandes aliados da saúde!

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