“Cheirar Gato Causa Asma!” Será Verdade?

Você já ouviu alguém dizer que “cheirar gato causa asma”? Essa é uma frase comum em muitas rodas de conversa, especialmente entre pessoas mais velhas. Mas será que ela tem algum fundamento?

Se você é apaixonado por gatos e adora aquele cheirinho característico, mas fica em dúvida se isso pode causar asma, este artigo é para você. Vamos entender de onde vem essa crença e esclarecer o que é fato e o que não passa de um equívoco sobre a relação entre a saúde respiratória e nossos amigos felinos.

De Onde Veio Esse Mito?

O mito de que cheirar gato causa asma provavelmente surgiu da combinação de desinformação sobre alergias, observações equivocadas e crenças populares antigas, muitas vezes perpetuadas por falta de conhecimento médico. Entenda os fatores que alimentam esse mito:

1. Crenças Populares Antigas

Diversas culturas ao longo da história associaram os gatos a aspectos negativos, como doenças, azar, bruxaria e até possessões. Essas crenças carregadas de superstição e medo atravessaram gerações, dando origem a diversos mitos populares, entre eles, a ideia equivocada de que “cheirar gato” poderia causar doenças respiratórias.

Além disso, em épocas nas quais o acesso à medicina moderna e à educação formal era limitado, muitas doenças,  como a asma, que não apresentava causas aparentes, eram facilmente atribuídas a fatores externos mal compreendidos.

A simples presença de um animal doméstico, como o gato, em uma casa já podia ser suficiente para alimentar suspeitas e gerar mitos em relação à saúde das pessoas.

2. Confusão Entre Asma e Alergia

Homem com alergia ao seu gato.
Fonte: Africa images

A asma é uma condição crônica que afeta as vias respiratórias, enquanto as alergias são respostas do sistema imunológico a substâncias específicas, como poeira, ácaros, pólen ou pelos de animais.

Embora a asma possa ser desencadeada por alergias, nem toda asma tem origem alérgica — existem casos de asma não alérgica, causada por outros fatores, como infecções, exercício físico ou poluição. Da mesma forma, nem toda pessoa alérgica necessariamente desenvolve asma.

Essa confusão entre asma e alergia contribuiu para fortalecer o mito de que “cheirar gato causa asma”. Isso é especialmente comum em famílias onde uma pessoa asmática convivia com gatos, fazendo com que os felinos fossem erroneamente apontados como a principal causa da doença, quando na verdade eles podem ser apenas um dos vários gatilhos para as crises.

A Verdadeira Vilã: A Proteína Fel d 1

Gato lambendo seu pelo.
Fonte: Nils Jacobi (Getty Images)

A principal substância envolvida nas reações alérgicas é a proteína Fel d 1, presente na saliva, na pele (descamação) e nas glândulas sebáceas dos gatos.

Ao se lamber, o gato espalha essa proteína por seus pelos e, consequentemente, por todo o ambiente. Assim, ela pode se acumular em estofados, roupas, carpetes e até permanecer suspensa no ar, sendo inalável por longos períodos.

Isso facilita o desencadeamento de sintomas respiratórios em pessoas sensíveis, como espirros, congestão nasal, tosse e falta de ar.

Quem Está em Risco?

Alguns grupos são mais suscetíveis a reações alérgicas ou crises asmáticas relacionadas à presença de gatos. São eles:

  • Pessoas com asma pré-existente ou histórico familiar da doença;
  • Indivíduos com rinite alérgica ou outras alergias respiratórias;
  • Quem tem predisposição genética para desenvolver alergias;
  • Pessoas que vivem em ambientes fechados, com acúmulo de poeira, pelos ou falta de ventilação.

Ou seja, a asma tem causas genéticas e ambientais. Os gatos podem desencadear crises alérgicas em pessoas sensíveis, mas não causam asma em quem não tem predisposição.

(Fonte: Ministério da Saúde

Posso Cheirar Meu Gato Sem Medo?

Mulher segurando e cheirando um gato.
Fonte: Freepik

Se você não tem alergias respiratórias nem asma, cheirar seu gato ocasionalmente não representa risco à saúde. O gesto carinhoso de encostar o rosto no bichano faz parte da rotina afetiva de muitos tutores.

No entanto, caso você já tenha algum tipo de sensibilidade, o contato próximo e frequente com o gato pode desencadear reações, e por isso merece mais atenção.

Mesmo para pessoas saudáveis, o bom senso e os cuidados com a higiene são essenciais para manter uma convivência segura. Veja algumas orientações simples que fazem toda a diferença:

1. Evite cheirar o gato se ele estiver sujo, com feridas ou sinais de doença. O contato direto pode facilitar a transmissão de microrganismos indesejados.

2. Se o gato tiver acesso livre à rua, redobre os cuidados. Ele pode carregar na pelagem sujeiras, poluentes ou até agentes infecciosos vindos do ambiente externo.

3. Escove o pelo com frequência. Isso ajuda a remover pelos soltos, poeira e outros resíduos que possam se acumular no corpo do animal.

4. Passe um pano úmido no pelo ocasionalmente, especialmente após passeios externos. Esse cuidado simples reduz a carga de alérgenos e sujeiras.

5. Limpe regularmente os ambientes em que o gato circula, como sofás, cortinas e camas. Assim, contribui para um ambiente mais saudável, com menos acúmulo de pelos e proteínas alergênicas.

E, claro, fique atento ao seu próprio corpo: se após o contato próximo com o gato você perceber sintomas como espirros, coceira nos olhos, coriza ou leve irritação na pele, isso pode indicar uma leve sensibilidade ou alergia. Nesse caso, vale procurar um profissional da saúde para avaliação.

Cheirar Gato Causa… Mais Amor!

Homem cheirando gato no seu braço e mulher olhando.
Fonte: Vlada Karpovich (Pexels)

A frase “cheirar gato causa asma” é um clássico mito popular que ainda assusta muita gente, gerando medo ou até afastando pessoas desses companheiros tão carinhosos.

Mas agora você já sabe: embora gatos possam ser gatilhos para pessoas com predisposição à asma ou alergias, o simples ato de cheirá-los não provoca a doença em alguém saudável.

Lembre-se: o amor entre humanos e gatos não precisa ser interrompido por mitos. Com cuidado, higiene e informação, a convivência pode ser segura, saudável e cheia de carinho.

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