Você provavelmente já ouviu alguém dizer que agosto é o “mês do cachorro louco”. Mas, afinal, de onde veio essa fama? A expressão é conhecida por muita gente, mas poucos realmente sabem o que ela significa ou como surgiu.
Neste artigo, você vai descobrir o que está por trás desse título intrigante e, principalmente, entender como ele se conecta com um assunto muito sério: a saúde dos nossos amigos peludos de quatro patas.
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Como Surgiu o “Mês do Cachorro Louco”?
A expressão popular “mês do cachorro louco” tem origem ligada a dois fatores principais: o comportamento animal e a raiva canina. No entanto, é importante entender que a ideia é mais um mito cultural do que uma realidade científica.
Origem da Expressão

A lenda ganhou força porque, ao longo da história, as pessoas notaram que várias cadelas entravam no cio, ao mesmo tempo, no mês de agosto.
Acreditava-se que isso estava relacionado às mudanças climáticas típicas do fim do inverno, que influenciariam o ciclo hormonal de alguns animais. Contudo, não existe evidência científica direta de que o inverno afete o cio das cadelas.
O ciclo reprodutivo canino é guiado por fatores internos (hormonais), com intervalos que variam entre 4 e 12 meses, dependendo da raça, porte e saúde do animal — e não está diretamente ligado às estações do ano.

O que pode ocorrer, em algumas regiões, é que a transição entre o inverno e a primavera exerça uma influência indireta sobre certos cães, especialmente aqueles que vivem ao ar livre ou em matilhas.
Esse período pode favorecer o aumento da circulação de cães nas ruas, o que contribui para uma aparente sincronização no cio e aumento do número de cadelas nesse estado.
Ainda assim, essa percepção se baseia mais em observações empíricas do que em evidências científicas sólidas.
E a Raiva?
Com mais fêmeas no cio, os cães machos tendem a ficar mais agressivos e competitivos, brigando entre si pela chance de acasalar. Essas disputas, que envolvem mordidas, poderiam facilitar a transmissão da raiva, caso algum dos animais estivesse infectado.

Como a raiva provoca sintomas como agressividade e salivação excessiva — sinais que, popularmente, foram associados à “loucura” —, e devido ao aumento histórico de casos da doença nesse período, principalmente entre animais de rua, acabou-se associando o mês de agosto à “loucura canina”.
Assim, o título “mês do cachorro louco” não se baseia em uma suposta “loucura” real dos cães, mas sim no comportamento agressivo que o ciclo reprodutivo pode provocar, especialmente em áreas onde a raiva era mais incidente.
Raiva Canina: O Verdadeiro Vilão

A raiva é uma doença viral grave e fatal, que pode ser transmitida dos animais para os humanos e que, uma vez com sintomas, não tem cura.
A transmissão ocorre principalmente pelo contato com um animal infectado, geralmente através de uma mordida, arranhadura ou lambedura.
Os principais ciclos de transmissão da raiva são:
- Urbano: representado principalmente por cães e gatos.
- Silvestre: animais como morcegos, raposas, guaxinins, gambás e macacos são os principais transmissores.
Segundo o Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos EUA (CDC), cerca de 70.000 pessoas morrem por ano no mundo por raiva, sendo que os cães são responsáveis por 99% das transmissões em humanos fora dos EUA.
Campanhas de Vacinação em Agosto: Coincidência? Nem Tanto

Você já notou que agosto é o mês em que acontecem mais campanhas de vacinação contra a raiva? Isso não é por acaso.
Como a raiva está historicamente associada ao chamado “mês do cachorro louco”, muitos órgãos municipais de saúde aproveitam o momento — a fama do mês — para reforçar a conscientização sobre a importância da vacinação.
Durante a campanha, clínicas veterinárias públicas, postos de saúde animal e ONGs oferecem vacinas gratuitas para os pets. A recomendação é que todos os cães e gatos, sejam vacinados anualmente, a partir do terceiro mês de vida.
Graças à vacinação, a raiva está bem controlada no Brasil, mas isso não significa que o cuidado pode ser deixado de lado. Manter a vacina do seu pet em dia, o ano inteiro, é essencial para protegê-lo e também a sua família.
[Confira: Importância da Vacinação: Pets Protegidos, Tutores Tranquilos]
Mitos Sobre o “Cachorro Louco”
Muitas histórias surgem quando se fala em raiva ou no famoso “cachorro louco”. Vamos esclarecer alguns pontos importantes.
1. Todo cão bravo está com raiva? Mito! Nem todo comportamento agressivo indica infecção. Muitos cães podem reagir com agressividade por medo, dor, estresse ou territorialismo. Isso não significa que estejam doentes.

2. Todo cão que espuma pela boca está com raiva: Mito! A salivação excessiva pode ser causada por diversos problemas de saúde, como intoxicação, febre, dor, estresse ou até alterações bucais.
Embora a espuma seja um dos sintomas possíveis da raiva, ela sozinha não é sinal definitivo da doença.
3. Os sintomas da raiva aparecem logo no início: Mito! Os sinais da doença podem demorar semanas ou até meses para surgir, tanto em animais quanto em humanos. Esse longo período de incubação é o que torna a doença ainda mais traiçoeira.
Por isso, toda mordida, arranhão ou contato suspeito deve ser avaliado por um profissional o quanto antes.
4. Cães com raiva sempre espumam pela boca: Nem sempre! A espuma é um dos sintomas, mas há outros, como agressividade repentina, desorientação e paralisia.
5. Animais vacinados ainda correm risco: Mito! A vacina é altamente eficaz. Um pet vacinado está protegido contra a doença e não representa risco de transmissão.
O Que Fazer no “Mês do Cachorro Louco”
- Leve seu pet para vacinar: fique de olho no calendário da sua cidade. A vacina contra a raiva é gratuita e salva vidas.
- Evite contato com animais desconhecidos: especialmente se estiverem agressivos ou apresentando sintomas estranhos.
- Não acredite em tudo que ouve: muitos mitos sobre o “mês do cachorro louco” causam medo desnecessário.
- Eduque outras pessoas: compartilhe informações confiáveis. Quanto mais gente souber a verdade, menos animais sofrerão preconceito.
- Ajude os animais de rua: doe vacinas, tempo, ou até compartilhe campanhas. Um pequeno gesto pode fazer uma grande diferença.
Devemos nos Preocupar com O “Mês do Cachorro Louco”
A resposta é: sim e não!
Não precisamos alimentar o medo ou o preconceito contra os cães, especialmente os de rua, e muito menos abandonar nossos animais por causa de crenças antigas e mitos.
Por outro lado, agosto é, sim, um momento que exige atenção! A fama do “mês do cachorro louco” se tornou mais um alerta: é preciso estar atento a mudanças de comportamento nos animais, manter a vacinação contra a raiva em dia, ter cuidado ao acariciar animais desconhecidos, evitar os agressivos e apoiar campanhas de conscientização sempre que possível.
Lembre-se: a expressão “mês do cachorro louco” pode soar assustadora, mas é também uma ótima oportunidade para falarmos sobre responsabilidade, amor, prevenção e cuidado com os animais e com todos nós!